Como guardar dinheiro em tempos de pandemia?

Como guardar dinheiro em tempos de pandemia?

A pandemia de Covid-19 trouxe diversas incertezas para os brasileiros. Por conta do isolamento social, muitos se viram obrigados a passar mais tempo em casa, o que afetou diversos setores. Muitos deles foram afetados, incluindo restaurantes e eventos, que levaram milhares de pessoas a perderem seus empregos e se ver diante de uma nova situação financeira.

Essa nova realidade fez com que não só os brasileiros, mas cidadãos de todo o mundo, adquirissem novos hábitos de consumo. Especialistas reforçam a necessidade de se poupar mais e gastar o mínimo possível diante de um momento que já afetou, e deve continuar afetando, a economia de todo o país enquanto não avançarmos com a vacinação em massa.

Embora o Brasil tenha muitos desafios relacionados à educação financeira, nos últimos meses o brasileiro tem percebido a importância de poupar mais. Um levantamento realizado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) identificou que 32% da população, ou seja, quase um terço dos brasileiros, conseguiram gastar menos ou guardar dinheiro durante a pandemia.

A boa notícia é que os jovens estão mais precavidos em tempos de pandemia: a mesma pesquisa revelou que 44% dos entrevistados entre 16 e 24 anos conseguiram guardar mais dinheiro nesse período.

São dados animadores, que mostram que o país está no caminho certo quando o assunto é guardar dinheiro. Porém, o desafio ainda é grande quando pensamos na totalidade dos brasileiros que ainda têm dificuldade em poupar. Pesquisa da fintech Acordo Certo mostra que 56% das pessoas não conseguem economizar ou mesmo fazer um planejamento financeiro para os seus gastos. O principal motivo é porque poucos conhecem sobre educação financeira, e acabam levando a uma relação mais reativa com o dinheiro.

Pode parecer difícil, mas é possível reverter a situação e começar a usar o dinheiro a seu favor. Para que você consiga poupar, mesmo em tempos de pandemia, confira nossas dicas a seguir.

Por que é importante guardar dinheiro

Antes de apresentarmos as dicas, vale reforçar a importância de se ter dinheiro guardado.

Em tempos de pandemia, o dinheiro pode fornecer a segurança necessária para lidar com imprevistos, como o alastramento da doença, a vulnerabilidade de algum familiar perante a Covid-19, a instabilidade no emprego, entre outros fatores - que incluem até mesmo a necessidade de adaptar o seu lar para o home office, por exemplo.

Quanto mais você conseguir poupar, melhor conseguirá lidar com as adversidades que podem surgir com a pandemia.

O dinheiro pode fornecer segurança e preparo para lidar com situações difíceis. Mas, qual a melhor forma de juntar? Seria melhor investir?

As respostas dessas perguntas dependem do quanto você ganha, quanto está disposto a guardar e para qual finalidade pretende utilizar o dinheiro.

Por exemplo, se você já tem o hábito de poupar e conseguiu formar a sua reserva de emergência, pode pensar em aproveitar as oportunidades de investimento para aumentar o seu patrimônio.

Para chegar até lá é preciso ter muita disciplina e conter as tentações, mesmo em tempos em que somos obrigados a ficar mais em casa do que gostaríamos. A seguir, mostraremos o passo a passo para você conseguir guardar dinheiro.

Defina um objetivo

Tudo bem que já trouxemos alguns motivos importantes de se ter dinheiro mas, é sempre importante se perguntar: qual a minha meta de guardar dinheiro?

Em tempos de pandemia, reforça-se a necessidade de se ter segurança. Porém, vale a pena pensar quais seriam os próximos passos após atingir uma situação financeiramente mais confortável.

Quando se tem uma meta, você fica mais focado em atingir seus objetivos. Isso torna o hábito de poupar mais saudável ou, em alguns casos, menos doloroso.

Digamos que você queira trocar o seu carro, por exemplo. Embora não seja uma prioridade, por conta das dificuldades da pandemia, manter esse objetivo pode ajudá-lo nas pequenas decisões do dia a dia. Por exemplo, será que vale a pena almoçar fora durante a semana, quando você poderia comer em casa e economizar mais? Que tal deixar a tentação do cafezinho na padaria e tomar o seu café da manhã em casa, antes de ir para o trabalho?

Dizer ‘não’ é mais difícil do que se pensa mas, quando temos um objetivo em mente, fica mais fácil lidar com essas pequenas decisões diárias. Isso evita gastos supérfluos e ajuda a te manter nos trilhos para poupar.

Pague todas as suas dívidas

Digamos que você tenha uma dívida e ainda não começou a pagar por conta de suas despesas correntes. Nesse caso, o melhor a se fazer é se organizar para pagar pela dívida para, depois, conseguir juntar dinheiro.

Limpar seu nome e regularizar sua situação é extremamente importante porque, quando você deixa de pagar por uma dívida, os juros vão correndo, e você terá que pagar por um valor muito maior do que realmente pegou emprestado. E o ônus disso é imenso: com o nome sujo, você fica com menos crédito na praça, o que dificulta na hora de aumentar o limite do seu cartão ou tomar algum tipo de empréstimo - algo que pode ser inevitável caso as coisas apertem, por exemplo.

Trata-se de uma conta muito simples: quando você deve a uma instituição, o juros cobrado pelo atraso é bem maior do que o juros que você conseguiria guardando dinheiro, por exemplo. Portanto, não deixe a dívida aumentar, a ponto de ter que comprometer mais dos seus rendimentos do que gostaria.

Se a dívida for muito grande, se organize para tentar um acordo. Tente negociar o melhor valor para você: caso as parcelas estejam muito altas, você pode tentar guardar dinheiro e pagar pela dívida à vista - o que evita um bom percentual de juros.

Fique atento também aos feirões de renegociação, que podem oferecer boas oportunidades para você quitar aquela dívida persistente e finalmente dar início ao seu planejamento financeiro

Organize as suas contas

Agora que você tem um objetivo em mente, precisa entender que atitudes deve tomar para conseguir juntar dinheiro.

A primeira coisa a se fazer é identificar seus gastos correntes mensais. Você pode ter uma boa visualização disso utilizando uma planilha, que precisa conter todo o dinheiro que entra e compõe seus rendimentos mensais, além de todos os gastos.

É preciso incluir contas de água, aluguel, gás, energia, entre outros gastos obrigatórios. E incluir, também, gastos com escola dos filhos, compras do mês no supermercado, pacotes de assinatura (TV, celular, internet etc) e até mesmo gastos com cartão de crédito.

Quanto mais detalhes você trouxer para a sua planilha, mais de perto conseguirá acompanhar os seus gastos mensais.

Nessa etapa, muitas pessoas se deparam com a difícil situação de enxergar que gastam mais do que realmente gostariam (ou deveriam).

Por mais que seja difícil visualizar suas contas, ter uma planilha permite entender onde cortar, para que sobre mais dinheiro no fim do mês. Se você gasta mais do que recebe, por exemplo, precisa tomar uma atitude drástica o quanto antes: quem sabe abandonar alguns pacotes de assinatura e diminuir o valor do cartão de crédito, por exemplo.

E, com isso, adquirir novos hábitos: se tiver que sair para comprar algo importante, vá apenas com o dinheiro necessário para a compra deste bem. Muitas pessoas deixam se levar pela impulsão e acabam gastando mais do que deveriam.

A compra por impulso é uma barreira muito grande que os brasileiros têm com as suas finanças. Uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) identificou que 41% dos brasileiros se tornam inadimplentes em consequência das compras por impulso. Além de comprometer os rendimentos mensais, essa atitude leva boa parte deles a se endividar a ponto de ficar com o nome sujo.

Isso não significa que devemos nos abster de tudo para conseguir guardar dinheiro. Ao observar a sua planilha, separe um valor para gastos correntes ou, melhor ainda, planeje as compras que deseja realizar nos próximos meses, que estejam dentro de seus gastos mensais.

Para que essa medida não afete seus objetivos, determine, também, um valor para guardar mensalmente. A seguir, mostraremos algumas dicas de como você pode fazer isso.

Diminua o consumo mensal

Apesar de muitos brasileiros começarem a guardar dinheiro na pandemia, um percentual significativo passou a fazer isso de maneira forçada: com a redução do salário, muitos se viram diante da necessidade de cortar gastos supérfluos como a única alternativa para manter o mínimo de sua saúde financeira.

Se você tiver sido pouco ou nada afetado pela pandemia, aproveite a oportunidade para fazer com que sobre mais dinheiro no fim do mês. Isso pode garantir a segurança que você realmente precisa diante de algum tipo de imprevisto.

Chame todos os integrantes da família e decidam em conjunto a melhor forma de cortar alguns gastos desnecessários. Por exemplo, será que vale manter a assinatura de diversos canais a cabo quando todos utilizam mais o streaming? E se diminuir um pouco mais a compra do mês? Ou, quem sabe, pagar menos pela fatura de cartão de crédito?

Anote na ponta do lápis tudo o que você conseguir diminuir e priorize essa economia para guardar um valor ainda maior no fim do mês. Com a incorporação de pequenos hábitos, você pode economizar um valor considerável e atingir seus objetivos de forma mais rápida do que imagina.

Separe um percentual para guardar mensalmente

Qual o melhor valor para começar a guardar dinheiro? Se você tem dificuldade de fazer isso, bom, qualquer valor já é um grande começo!

Quando você começa a ver na prática como usar a planilha a seu favor, não demora para entender o valor ideal para conseguir juntar.

Inclusive, é possível pôr em prática algumas técnicas que podem ajudar bastante. Uma delas, por exemplo, é encarar o ato de poupar como se fosse uma dívida. Após definir o valor mínimo que conseguiria guardar, deixe na planilha como se fosse uma conta a pagar.

É possível conversar com o gerente do seu banco, por exemplo, para que, sempre que o salário cair na sua conta corrente, o dinheiro automaticamente seja transferido para algum tipo de investimento de fácil resgate.

Mas, se você prefere ter o controle da situação ou conhece algum tipo de investimento mais rentável que o do seu banco, também pode encarar o investimento como dívida e fazer a transferência assim que receber o valor.

Mas, quanto realmente devo guardar? Veja algumas técnicas simples que podem ajudar com isso.

50-15-35

Dessa forma, você dedica:

  • 50% para despesas básicas e fixas;

  • 15% com prioridades para a sua saúde financeira, incluindo pagamento de dívidas, para montar sua reserva de emergência ou utilizar para algum tipo de investimento;

  • 35% para utilizar de forma livre, com entretenimento, lazer ou sair com os amigos.

60-10-10-20

55-10-10-10-10-5

  • 55% para as despesas básicas;

  • 10% para lazer;

  • 10% para reserva pessoal;

  • 10% para investir no seu desenvolvimento pessoal (cursos, educação financeira etc)

  • 10% para a sua Previdência;

  • 5% para filantropia ou algum tipo de doação.

Vale lembrar que estes métodos podem ajudar na hora de direcionar melhor os seus gastos e rendimentos. Não é preciso seguir à risca. Mas, quando se tem algum método como parâmetro, fica mais fácil nos organizarmos para seguirmos em busca de nossos objetivos.

Forme a sua reserva de emergência

Por mais que tenhamos diferentes objetivos para juntar dinheiro, priorize, sempre, a sua reserva de emergência.

Este valor geralmente corresponde ao valor dos seus gastos mensais multiplicados por seis. Por exemplo, se você recebe um salário líquido equivalente a R$ 5 mil, e precisa de R$ 3.500 para pagar por suas contas, o mínimo ideal é ter como reserva os R$ 3.500 multiplicados por 6, que daria R$ 21 mil. 

O valor da reserva precisa estar em uma conta de fácil resgate, ou seja, quando você precisar deste valor, não pode correr o risco de perder dinheiro por conta do saque ou até mesmo ser impossibilitado de fazer isso por conta do vencimento da aplicação. Embora o brasileiro tenha o hábito de guardar o dinheiro na poupança, existem outras opções que geram maior rendimento, como CDBs ou até mesmo contas digitais que rendem mais de 100% do CDI. 

Quanto mais dinheiro você tiver como reserva, melhor - principalmente quando estamos falando em tempos de pandemia.

Se você estiver começando a guardar dinheiro desde agora, dê bastante foco à formação da sua reserva de emergência, para que possa se precaver diante de alguma dificuldade. 

Especialistas em finanças pessoais reforçam a importância de montar a reserva para ter uma garantia em situações difíceis, como desemprego, complicações de alguma doença, redução salarial, entre outras dificuldades.

Se você tiver recebido o valor de FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), restituição do imposto de renda ou algum tipo de bônus anual no seu emprego, aproveite para guardar um bom percentual para acelerar a sua reserva de emergência. Se achar melhor juntar um valor superior aos 6 meses dos seus rendimentos, melhor ainda. Mas, caso ainda tenha um bom valor disponível, aproveite a oportunidade para fazê-lo render ainda mais.

Pense em expandir seus investimentos

As melhores oportunidades surgem em momentos difíceis. Essa frase faz bastante sentido quando se pensa em formas de expandir o seu patrimônio.

Se estiver seguro de que pode se arriscar um pouco mais para constituir patrimônio, você pode utilizar parte do seu dinheiro para investir e elevar ainda mais sua segurança.

Caso já tenha um lar, mas queira ampliar seu patrimônio, considere fazer um consórcio imobiliário. É você que define o valor da carta de crédito e a quantidade de parcelas que deseja pagar. Você pode investir em um segundo imóvel, comprar uma casa na praia para alugar ou até mesmo um empreendimento, seja com a finalidade de montar o seu próprio negócio ou alugar.

Para que um patrimônio dê lucro, é necessário pensar a longo prazo: comprar o imóvel que deseja, deixá-lo bem decorado para, no momento oportuno, colocá-lo para alugar. Com a economia compartilhada facilitando o aluguel de propriedades em diferentes locais, por exemplo, a mesma casa que você aproveita para passar alguns feriados e fins de semana pode ser colocada para alugar por pequenos períodos ou temporadas - o que pode gerar uma boa renda extra mensalmente.

Outra forma de expandir seus investimentos é considerar outros produtos financeiros para aplicação do seu dinheiro. Se você se sente inseguro para se arriscar na renda variável, por exemplo, pode conversar com o gerente do seu banco, para verificar opções de fundos multimercado, por exemplo.

Também é possível começar a investir em educação financeira para aproveitar novas oportunidades. Com a queda da taxa Selic ao longo dos últimos anos, os brasileiros têm aproveitado para se arriscar mais na renda variável, com o objetivo de obter maior rentabilidade em suas aplicações.

Você pode comprar ações na bolsa de valores (B3), participar de algum fundo de investimento ou se inteirar mais em fundos imobiliários, que tendem a valorizar bastante a longo prazo.

Priorize a sua segurança e a de sua família

As dicas que apresentamos podem ajudar na formação de novos hábitos. Com pequenas economias realizadas no dia a dia e maior controle dos gastos, você pode garantir o conforto necessário para você e sua família garantirem mais segurança em um momento repleto de incertezas.

Portanto, se ainda não tem controle de todos os seus gastos, comece desde já montando a sua planilha e anotando tudo o que entra e sai do seu orçamento.

Embora seja difícil lidar com as dívidas, não deixe que elas se acumulem por muito tempo. Quanto mais você demorar para pagar, maiores serão os juros. O ideal é quitar as dívidas de uma vez mas, se sentir que precisaria de um longo tempo para isso, confira opções de parcelamento. Afinal, se você estiver com o nome sujo por conta da dívida, a partir do momento que pagar a primeira parcela, já tem seu nome retirado dos órgãos de proteção ao crédito.

Quando finalmente você conseguir um bom espaço para guardar dinheiro, procure por uma conta que permita fácil resgate e renda mais que o CDI. A poupança pode ser uma alternativa, mas é importante entender: seu rendimento anual chega a menos de 2%. Levando em consideração a inflação anual, que está em 4,5%, pode-se dizer que, a médio e longo prazo, a poupança faz com que seu dinheiro se desvalorize mais. Portanto, é correto dizer que, neste caso, deixar o dinheiro na poupança é um desperdício: você tem rendimento, mas trata-se de um juros menor que a inflação. 

Se tiver algum tipo de dificuldade para encontrar a melhor opção, converse com o gerente do seu banco ou pesquise por uma alternativa que garanta um percentual de rendimento maior que o CDI. Existem diversos bancos digitais que dão essa opção, sem precisar pagar por isso.

Caso tenha muita dificuldade de guardar dinheiro, encare essa tarefa como uma dívida. Você pode programar uma transferência automática por meio do seu banco ou, se preferir, emitir um boleto para a conta com o seu dinheiro.

No começo pode parecer uma tarefa difícil atingir o valor ideal para a reserva de emergência. Mas, se tiver acesso a algum tipo de benefício ao longo da pandemia, aproveite para guardar um bom percentual para essa finalidade.

Com um bom dinheiro guardado você se sente mais seguro para passar por esse período tão difícil: consegue se preparar para lidar com algum tipo de adversidade e pode aproveitar algumas oportunidades de investimento, para expandir seu patrimônio.

Quer mais dicas de finanças pessoais? Então confira nossas dicas de como montar o seu planejamento financeiro anual.

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