Quais são as principais taxas do consórcio?

27 de set. de 202112 minutos de leitura
Quais são as principais taxas do consórcio?

Diferentemente de qualquer modalidade de compra, o consórcio foi feito para quem busca planejar a aquisição de um bem de alto valor. Você não sai com o bem na hora, mas também não precisa pagar por entrada, juros ou qualquer tipo de burocracia para investir naquilo que tanto deseja.

O consórcio funciona da seguinte maneira: primeiro, é preciso ter em mente o bem que deseja comprar. Você pode investir em uma carta de crédito para automóveis, imóveis, serviços e até mesmo veículos pesados, como ônibus e caminhões.

Depois disso, é preciso entender o valor que você gostaria de pagar por este bem. Você pode começar com uma pesquisa pelo preço do modelo do automóvel que deseja, por exemplo, para então considerar a compra por meio do consórcio.

Não se preocupe tanto com o valor final; o importante é ter uma ideia do quanto precisaria para a compra do bem. É este valor que você utilizará como referência ao simular o seu consórcio.  

O valor final do bem, no consórcio, é representado pela carta de crédito. Isso porque, ao ser contemplado pelo consórcio, você recebe este valor de forma integral para a compra do bem que deseja.

Na etapa de simulação, você também define a quantidade de parcelas que deseja pagar pelo bem. Leve em consideração os seus rendimentos mensais: o valor da mensalidade do consórcio não pode ultrapassar 30% do quanto você e sua família têm à disposição por mês. Essa medida diminui o risco de inadimplência por parte dos consorciados.

Pelo consórcio, você não sai com o bem na hora. Ao fazer a simulação, o próximo passo é conversar com um especialista de consórcio, que irá tirar todas as suas dúvidas antes de prosseguir com o contrato de adesão.

Depois disso, você passa a integrar um grupo de consórcio. Mensalmente, são realizadas as assembleias, em que você tem a chance de ser sorteado com o seu bem.  

Caso queira antecipar a sua aquisição, você pode tentar o lance, que é um valor a mais que você pode dar em uma assembleia. Quanto maior o percentual quitado da sua cota com o lance, maiores são as suas chances de ser contemplado. Mas, se outro consorciado for contemplado por lance, você não tem seu valor debitado e pode tentar nos meses seguintes.

Porém, antes mesmo de começar o consórcio, muitas pessoas têm dúvidas. Uma das principais é relacionada às taxas da modalidade. Iremos explicar todos os detalhes de como elas funcionam, confira a seguir.

Por que o consórcio tem taxas

O consórcio é uma modalidade de compra planejada. Você não tem acesso ao bem de forma imediata, como acontece com o financiamento. Porém, não precisa pagar entrada ou juros.

Todo o processo de simulação, formação de grupos e entrega das cartas de crédito é realizado pela administradora de consórcio, que precisa seguir uma série de regras para seu pleno funcionamento.

O segmento é auditado pelo Banco Central do Brasil (Bacen). Isso significa que, antes de escolher uma administradora, é preciso verificar se ela tem autorização do Bacen para operar.

Por isso mesmo, nenhuma administradora pode prometer quando o consorciado será contemplado: seja via sorteio ou via lance. Qualquer promessa de contemplação é proibida pelo Bacen, portanto, caso se depare com alguma oferta do tipo, fique esperto: você pode estar sendo alvo de um golpe de consórcio.

As taxas do consórcio servem para remunerar a administradora pelo serviço prestado e, principalmente, para garantir que o valor das cartas de crédito será devidamente entregue. Por ser uma modalidade de autofinanciamento, é preciso que cada consorciado esteja comprometido com o valor das parcelas.  

Para impedir que a inadimplência de algum integrante deixe os demais consorciados vulneráveis, a administradora tem uma taxa específica de fundo de reserva, que iremos explicar adiante. Além disso, quem deixa de pagar por um mês o consórcio não pode participar dos sorteios mensais ou tentar o lance até regularizar sua situação.

Em resumo, as taxas são essenciais para o funcionamento do consórcio, por remunerar as administradoras, garantir que as cartas de crédito sejam devidamente entregues, sem nenhum tipo de risco e, também, para proporcionar a devida segurança do segmento.

Taxas são maiores que juros?

Antes de entrarmos nos detalhes de números, é preciso diferenciar as taxas dos juros. As taxas formam um indexador percentual único, ou seja, você já sabe o quanto pagará a mais por uma carta no momento da simulação.

Já os juros compostos, que são juros sobre juros, tendem a deixar o valor de um bem muito maior do que o preço de tabela.  

Podemos pegar um carro em torno de R$ 50 mil, por exemplo. Com o acréscimo de taxas do consórcio - que iremos detalhar a seguir - o valor final deve ficar cerca de 20% a mais. Ou seja, você deve pagar, em média, em torno de R$ 60 mil a prazo com o consórcio.  

Utilizando o mesmo exemplo para o financiamento: digamos que você tenha 10% da entrada deste valor, o que daria R$ 5 mil. Em uma simulação dividida em 48 mensalidades, o valor final do carro pode ultrapassar R$ 75 mil por meio do financiamento. Temos uma diferença considerável: de pelo menos R$ 15 mil, ou seja, 30% a mais que pelo consórcio.

Vale lembrar que, com o passar dos anos, os juros podem aumentar ou diminuir, dependendo do ritmo da economia. Esse repasse para o consumidor final é demorado, principalmente nos casos de diminuição da taxa. Isso significa que o valor a prazo, por conta dos juros, tende a ser maior do que o simulado.  

Agora que você já conhece a diferença entre as duas modalidades, vamos explicar o que compõe as taxas de consórcio.

Quais são as taxas do consórcio?

A partir do momento que o interessado faz a simulação de um consórcio, já tem ciência do valor das taxas, que são incluídas nas parcelas.

Confira as taxas de consórcio a seguir.

Taxa de administração

A taxa de administração serve para remunerar a empresa de consórcio por todos os serviços que são prestados. Isso inclui:

  • Formação dos grupos dos consorciados. Os grupos podem possuir dezenas ou centenas de pessoas, que possuem interesses semelhantes. Por exemplo, se você estiver investindo em um consórcio de imóveis, provavelmente integrará um grupo com outras pessoas que também querem comprar casa ou apartamento por meio do consórcio, com valores de carta de crédito bem próximos;
  • Realização dos sorteios mensais nas assembleias;
  • Avaliação dos lances ofertados pelos consorciados;
  • Gestão do fundo comum, que é responsável pela entrega das cartas de crédito;
  • Entrega das cartas de crédito aos consorciados após comprovação de renda, análise de documentos e comprometimento firmado com as demais mensalidades da cota do contemplado.

A taxa de administração pode variar de 15% a 20% da cota. Trata-se da principal taxa de remuneração da administradora, que possui todo o ecossistema pronto, do início ao fim, para que o consorciado tenha a melhor experiência de compra possível.

Fundo de reserva

A taxa de fundo de reserva compõe um percentual bem menor: vai de 1% a 3% da cota.  

Seu principal objetivo é garantir que o fundo comum dos grupos se mantenha sempre com crédito suficiente para a entrega das cartas de crédito.

Ou seja, esse dinheiro é destinado para o fundo do grupo em que o consorciado está inserido. Esse valor é diluído nas parcelas e pode ser utilizado para as seguintes finalidades, de acordo com o artigo 14 da Circular 3432 do Bacen:

I  – cobertura  de eventual insuficiência de recursos do fundo comum;

II  – pagamento de prêmio de seguro para cobertura de inadimplência de prestações de consorciados contemplados;

III  – pagamento de despesas bancárias de responsabilidade exclusiva do grupo;

IV  – pagamento de despesas e custos de adoção de medidas judiciais ou extrajudiciais com vistas ao recebimento de crédito do grupo;

V  – contemplação, por sorteio, desde que não comprometa a utilização do fundo de reserva para as finalidades previstas nos incisos I a IV.

O fundo de reserva, no caso, é um valor utilizado para emergência. Caso você participe de um grupo sem nenhum caso de inadimplência, ou seja, que não tenha necessitado dos recursos do fundo de reserva, o valor é devolvido ao consorciado.  

Como este valor fica em um fundo, pode até mesmo acontecer de você receber um valor a mais no final da cota.

Para isso, a administradora faz um cálculo do quanto recebeu e o quanto foi realmente utilizado para cobertura de despesas 60 dias após o fechamento do grupo. Esse prazo é necessário para que a administradora possa calcular os valores e dividi-los entre todos os clientes ativos do grupo.

Depois desse cálculo, caso tenha sobrado algum dinheiro, este valor é repartido entre os integrantes do grupo.

Fundo comum

Como já dissemos, é do fundo comum que se tem os valores das cartas de crédito que serão entregues nos grupos, seja via sorteio ou por lance.

Para que o fundo comum seja mantido, a administradora faz a cobrança equivalente a uma prestação do seu consórcio. Por exemplo, se tiver investindo em um consórcio de serviços de R$ 30 mil, por exemplo, com mensalidade de R$ 800, significa que uma dessas mensalidades, de R$ 800, será destinada ao fundo comum.

Seguro é uma taxa obrigatória do consórcio?

Com o objetivo de ter mais segurança durante o pagamento da cota, muitos consorciados optam pela aquisição de um seguro para suas parcelas.

Porém, não se trata de um valor obrigatório.  

O seguro pode ser adquirido na fase de fechamento de contrato com a administradora e pode variar, dependendo do tipo de bem, do valor da carta de crédito, entre outros detalhes.

No consórcio, o tipo de seguro mais utilizado é o prestamista, que realiza o pagamento total ou parcial das mensalidades restantes da sua cota.

Isso porque, ao contratar o seguro de consórcio, é possível ter garantia do pagamento parcial ou total do saldo devedor em condições como perda de emprego. Em situações mais extremas, como morte ou invalidez, a cota é totalmente quitada e o valor da carta de crédito é entregue ao proprietário ou aos herdeiros.

Além disso, o seguro faz coberturas de:

  • Quebra de garantia: caso o consorciado deixe de pagar uma parcela, por exemplo, por conta de alguma dificuldade financeira;
  • Seguro contra o desemprego: o consorciado tem a garantia de até 6 meses de pagamento integral das parcelas em situação de desemprego. É uma das opções mais buscadas, principalmente por conta da situação econômica instável e pelo alto índice de desemprego no Brasil nos últimos anos.

O seguro é, sim, um valor adicional a ser pago em uma mensalidade. Porém, não se trata de uma obrigatoriedade do consorciado. É preciso avaliar se vale a pena estar vulnerável aos riscos que explicamos e até mesmo verificar o quanto este valor pode comprometer seus rendimentos mensais.

Qual a base do valor de um seguro?

Não é sempre obrigatório, mas o seguro ainda pode constar nas parcelas do consórcio. Existem dois tipos de seguro que podem ser usados: o de quebra de garantia que, quando ativado, um dos membros fica inadimplente, e o de vida, que cobre as prestações caso o membro venha a falecer.

Podem ser obrigatórios ou opcionais, dependendo da instituição financeira, e seus valores variam bastante. Sendo assim, o melhor é entrar em contato com a administradora para conferir os valores - que podem depender do tipo de bem e do valor da carta de crédito.  

Para entender um pouco em relação aos valores, veja o que serve como base. Primeiro, somamos os percentuais de cada componente em relação ao valor total do bem:

  • Fundo comum: 100%;
  • Fundo de reserva: 5%;
  • Taxa de administração: 10%;
  • Valor do bem: R$20.000;
  • Porcentagem total a pagar: 115%.

Isso significa que, com as taxas, devemos adicionar 15% ao valor total do bem para saber quanto deve ser gasto com o seguro. Utilizando a carta de R$ 20 mil como base, o seguro pode levar o valor final a R$ 23 mil.

Como funcionam os reajustes das parcelas

Sempre que uma cota faz aniversário, ela passa por reajustes. Por exemplo, digamos que você tenha adquirido uma cota de R$ 50 mil, dividido em 48 mensalidades, para a compra de um veículo.

A cada ano, ou seja, a cada 12 meses, é feito o reajuste de sua cota, levando em conta as correções da inflação no ano anterior. A inflação mede o valor do dinheiro e, a cada ano, tem um percentual definido por conta da mudança de preços de diversos produtos e serviços.  

Isso significa que, ao investir em uma carta de crédito pensando em um carro na base dos R$ 50 mil, você corre o risco de, no ano seguinte, o mesmo carro ficar com valor mais elevado.  

Por isso, sempre que a sua cota faz aniversário, a administradora faz esse reajuste nas mensalidades e, por consequência, no valor da carta de crédito. Você pode pagar por um valor a mais nas mensalidades no ano seguinte, mas porque estará investindo em uma carta de crédito de valor mais elevado. Ou seja, o reajuste é uma medida de proteção do valor da sua carta de crédito, e não em benefício da administradora.

Portanto, é comum que o valor final da carta de crédito seja mais elevado que o valor originalmente contratado.  

Dessa forma, ainda utilizando o exemplo do carro: se ele ficar mais caro no ano em que você for contemplado com a carta de crédito, significa que você terá o valor necessário para a compra.

Por que vale a pena fazer o consórcio de um bem

Quando se fala no termo ‘taxa’, muitas pessoas começam a ficar receosas. E, no caso do consórcio, é preciso pensar em planejamento a médio e longo prazo, uma vez que o consorciado não tem acesso direto ao bem.

Como explicamos, as taxas de consórcio servem para remunerar a administradora pelos serviços e para garantir que o sistema funcione corretamente, mesmo prevendo possíveis inadimplências.

Com o consórcio, você define o valor em que pretende investir e a quantidade de parcelas que deseja pagar. Tudo isso pode ser feito de forma flexível por meio do simulador, que já dá o retorno do valor a ser pago e as taxas que estão incluídas nas mensalidades.

Não é preciso saber de cara o que deseja comprar com o consórcio. Você pode começar o pagamento do seu bem, enquanto pesquisa o que realmente deseja comprar. Por exemplo, se tiver em mente a compra de um modelo de carro popular com uma carta de R$ 50 mil, por exemplo, pode pesquisar mais e encontrar boas oportunidades - quem sabe um seminovo, com o mesmo preço, mas que seja mais luxuoso, por exemplo?

Os sorteios podem acontecer tanto nos primeiros meses, quanto nos últimos. Nenhuma administradora pode garantir quando o consorciado será contemplado com o bem.

Mas, se quiser antecipar a compra do seu bem, é possível se organizar com os lances. Dependendo do bem em que estiver investindo, você pode contar com algumas facilidades. Caso esteja investindo em um imóvel, por exemplo, pode utilizar os recursos do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS). E, se tiver um modelo de veículo que considera trocar por um novo, pode tentar negociá-lo como lance pelo Troca de Chaves. Se concordar com o valor do modelo avaliado pela administradora, você pode ter uma boa chance de ser contemplado.  

Outra vantagem é que a carta de crédito dá poder de compra à vista ao consorciado. Isso pode gerar uma ótima negociação: muitos proprietários e vendedores concedem um desconto significativo quando se tem o valor à vista.

Além disso, a carta de crédito pode ser utilizada de forma flexível. Se você foi contemplado com uma carta de R$ 200 mil para a compra de um imóvel, por exemplo, mas optou pela compra de um terreno, de cerca de R$ 150 mil, saiba que até 10% da sua carta pode ser utilizado para o pagamento de algumas despesas burocráticas, como transferência de propriedade, escritura, idas ao cartório etc. E, se ainda assim sobrar dinheiro, você pode quitar as últimas mensalidades do seu consórcio.

Se o valor da sua carta de crédito for insuficiente para a compra de um bem, é possível completar o valor da transação com os seus próprios recursos. Neste caso, negocie diretamente com o fornecedor ou proprietário, em busca das melhores condições possíveis de compra.  

Vale lembrar que o valor integral da carta de crédito é transferido diretamente para o proprietário ou fornecedor responsável pelo bem.

Para que o próprio consorciado tenha acesso ao valor da carta de crédito, é preciso que o valor permaneça pelo menos 180 dias no fundo comum da administradora. A vantagem é que, ao deixar o valor nesse fundo, o contemplado é beneficiado com os juros de manter o dinheiro guardado, e poderá ter acesso a um bom valor no final.

Portanto, quando se trata de comprar a prazo, o consórcio é a melhor solução. Suas taxas são bem mais em conta que o financiamento. Além disso, com o poder de compra à vista da carta de crédito, o consorciado pode economizar significativamente quando for contemplado, seja na compra de um carro, uma casa, um apartamento ou até mesmo na aquisição de um serviço.

Para saber melhor como funciona o consórcio, escolha o bem que deseja comprar e faça uma simulação. Com planejamento e flexibilidade, você conseguirá investir no seu sonho pagando por um valor justo a prazo.

Simulação Consórcio