O que é o cheque e como ele funciona?

O que é o cheque e como ele funciona?

Nos últimos anos, o mundo inteiro passou por uma revolução quando o assunto é meios de pagamento. 

O dinheiro vivo ainda continua sendo utilizado, mas é possível realizar diversos tipos de compra de formas diferentes. Uma delas é o cartão de débito, por exemplo, que dá a possibilidade de utilizar o saldo da sua conta corrente sem ter que pegar dinheiro em espécie. E tem o famoso cartão de crédito, em que é possível realizar uma transação para pagar futuramente de forma à vista ou parcelada, com o uso de um limite pré-aprovado pela instituição financeira. 

Sem falar também do avanço que tivemos com a chegada do Pix, que permite transferência imediata do valor com toda a segurança do Banco Central do Brasil (Bacen), sem esquecer dos diferentes tipos de boleto, entre outros meios mais digitalizados. 

Uma das formas mais utilizadas pelo brasileiro na hora de pagar as suas contas ou até mesmo comprar um bem de alto valor é com o uso do cheque. Mas, você sabe como ele funciona na prática? Vamos explicar todos os detalhes desse meio de pagamento que há muitas décadas é utilizado para diversos tipos de transações. 

Afinal, o que é o cheque? 

O cheque nada mais é que uma ordem de pagamento para efetuar uma compra ou até mesmo realizar o pagamento para uma pessoa. 

Antes mesmo das contas bancárias se digitalizarem, era muito comum empregadores efetuarem o pagamento com o uso de cheque, que deveria ser compensado no banco. Com isso, a pessoa que recebia o cheque (ou seja, o favorecido) tinha a ordem de sacar o valor descrito pelo emitente e, assim, ter à disposição o valor em dinheiro em espécie.  

O cheque pode ser utilizado tanto à vista como à prazo. Ou seja, digamos que você queira fazer um curso de idiomas e pretende fechar um semestre de pagamento. Com o cheque, é possível usar o talão com seis folhas, uma para cada mês, e deixar registrado o dia em que os valores serão compensados. 

Mas, como o cheque realmente funciona? Vamos explicar todos os detalhes de seu funcionamento, as melhores práticas, para que não passe por algum tipo de situação constrangedora, e tirar as principais dúvidas sobre o assunto. 

O que é preciso saber sobre o cheque 

O cheque é um talão com diversas folhas, que servem para compensar diferentes tipos de pagamento. Geralmente são emitidos pelo seu banco, integrado a um tipo de serviço oferecido pela instituição financeira. 

Na verdade, trata-se de um título de crédito da pessoa tida como beneficiária e, por outro lado, um reconhecimento de que a pessoa emitente precisa ter saldo o suficiente para pagar o valor descrito a ele. 

Quando uma pessoa tida como beneficiária recebe um cheque, tem o direito de ir ao banco mencionado e fazer o saque deste valor. Então, a instituição financeira verifica a conta do emissor do cheque e faz o saque em benefício do favorecido. 

Para saber se tem direito ao uso do cheque, converse com o seu gerente ou verifique o pacote oferecido pelo seu banco. 

O cheque pode ser utilizado para uma compra à vista ou até mesmo parcelar a compra. Embora seja um meio de pagamento muito conhecido pelo brasileiro, nem todos os lugares aceitam o seu uso. Isso porque, para a compensação, pode acontecer de o cheque não ter fundo. Quando isso acontece, a pessoa responsável pelo cheque não tem o valor suficiente para efetuar o pagamento (vamos explicar estes casos com mais detalhes ainda neste artigo). Justamente para evitar esse tipo de situação, muitos estabelecimentos não trabalham com cheque. 

Para saber como realmente funciona o cheque, é necessário entender os seguintes termos: 

  • Emitente ou emissor: é a pessoa que coloca o cheque em circulação, ou seja, o responsável por emitir o cheque; 
  • Favorecido: é a empresa ou pessoa física que será favorecida com o cheque, ou seja, o beneficiário; 
  • Sacado: é o banco em que está depositado o dinheiro do emitente. 

Tipos de cheque 

Embora o talão de cheques seja utilizado para diversas finalidades, existem diferentes tipos de cheque, que iremos explicar a seguir. 

Cheque portador 

Quando uma pessoa emite um cheque portador, não indica nenhum beneficiário em sua folha. 

Isso significa que esse cheque pode ser sacado por qualquer pessoa no banco. 

Por conta do risco que pode representar, as instituições financeiras só aceitam a emissão desse tipo de cheque para valores de até R$ 100. Caso queira pagar alguém por um serviço prestado, é preciso mencionar o beneficiário, que é característica do cheque nominal. 

Cheque nominal 

No cheque nominal consta o nome do favorecido, ou seja, a pessoa a quem o valor descrito é destinado para o saque. 

Para uso do cheque nominal, é preciso indicar a pessoa que fará o saque. Caso o beneficiário queira transferir o cheque para que outra pessoa faça o depósito ou saque o dinheiro, o documento precisa ser endossado com a assinatura do beneficiário na parte de trás da folha. 

O emissor do cheque nominal tem o direito de impedir que o favorecido transfira o valor do cheque para um terceiro. Para isso, basta escrever “não à ordem” após o nome do beneficiário. 

Cheque cruzado 

Quem já recebeu um cheque certamente já se deparou com duas linhas paralelas feitas à caneta pelo emissor. Isso significa que o valor desse tipo de cheque não pode ser sacado na boca do caixa. 

Para utilizar um cheque cruzado, é preciso fazer o depósito na conta do beneficiário. É possível fazer essa transação pelo próprio caixa eletrônico. Muitos estabelecimentos exigem que os emissores cruzem o cheque, para evitar casos de furto ou roubo do cheque.  

Quando acontece algum tipo de problema com cheques que não foram cruzados, o emissor precisa de um tempo maior para sustar o cheque, ou seja, comprovar que o valor não foi destinado corretamente ao beneficiário. Por isso mesmo, a utilização do cheque cruzado é bastante comum como medida protetiva para o emissor. Quanto ao beneficiário, porém, precisa ter uma conta corrente ou conta poupança para que o dinheiro seja transferido. 

Por que as pessoas ainda usam o cheque 

Apesar de ser um meio de pagamento muito conhecido dos brasileiros, uma pesquisa do Banco Central revelou que apenas 7% dos consumidores costumam utilizar o cheque em suas transações. Esse é um número que tem caído cada vez mais. No ano de 2019, por exemplo, foram realizadas cerca de 550 milhões de transações bancárias com o cheque - uma queda comparada ao ano anterior, 2018, quando 633 milhões de operações com cheque haviam sido computadas. 

As instituições financeiras tradicionais ainda utilizam o cheque como opção de pagamento, por mais que poucos clientes ainda desfrutem desse tipo de benefício.  

Por mais que pessoas físicas tenham aderido a modelos digitais de pagamento, o cheque ainda é bastante utilizado principalmente por microempresários. Isso porque ele funciona bem como uma moeda corrente e, diferentemente dos cartões de crédito e de débito, não têm cobrança de taxa

Além disso, o cheque permite o parcelamento de uma compra sem ter que usar o limite do cartão de crédito, por exemplo. Ou seja, para compras de alto valores, não é necessário ter um alto limite, geralmente restrito a quem possui um alto score no banco, por exemplo. 

Muitos empreendedores aproveitam a vantagem de não ter que arcar com as taxas do cheque para fazer o pagamento de fornecedores ou até mesmo como parte de seu fluxo de caixa. Por isso mesmo, é comum o cheque ser sacado por quem não é o próprio beneficiário. 

Desvantagens do uso do cheque 

Apesar do benefício de não ter que usar o limite do cartão ou depender de um bom score para o parcelamento de determinadas compras, o cheque ainda desperta muitos receios, principalmente por parte dos beneficiários. 

O maior medo de quem recebe é se deparar com um cheque sem fundo. Isso significa que o beneficiário tentou sacar ou transferir o dinheiro para o seu nome mas, por falta de recursos do emissor, a transação acabou sendo cancelada. 

Por conta disso, muitos estabelecimentos comerciais deixaram de aceitar o cheque como opção de pagamento, ou só oferecem essa opção para clientes habituais. 

É importante lembrar que a emissão de cheques sem fundo é considerada crime de estelionato. Portanto, o emissor precisa tomar cuidado para não ter o valor de sua conta comprometido na hora de emitir um cheque.  

Pode acontecer de haver uma devolução do cheque ao emissor. Nesse caso, é preciso certificar de que possui o valor necessário para que o valor seja sacado pelo beneficiário. Caso o cheque seja devolvido novamente, o emitente tem seu nome incluído no Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF) e pode ficar com o nome sujo ou com o CPF restrito. 

Outras formas de utilização do cheque 

Agora que você já conhece as principais formas de utilização do cheque, vamos explicar alguns termos importantes associados ao uso do cheque. 

Cheque caução 

Muitos estabelecimentos que realizam algum tipo de serviço pedem a emissão de um cheque como garantia de uma transação. Essa prática é conhecida como cheque caução e tem o objetivo de certificar de que um pagamento será realizado em determinada data. 

A exigência de cheque caução é bastante comum em empresas de aluguel de carros ou donos de imóveis por temporada. Em modelos de negócio desse tipo, a cobrança pode ser realizada antes e depois da utilização do serviço. Isso significa que, caso aconteça algo com o automóvel ou imóvel durante sua utilização, o proprietário tem uma garantia de que terá à disposição um valor que pode ser descontado para cobrir possíveis prejuízos. 

Contracheque: como funciona 

O contracheque nada mais é do que um documento que discrimina todo o dinheiro pago de uma empresa para o funcionário por seus serviços prestados. Esse tipo de documento também é conhecido como holerite. 

Em resumo, o contracheque é um documento legal que resume as movimentações financeiras da companhia para o colaborador. 

Muitas empresas contratam o serviço de instituições financeiras para emissão do contracheque - documento importante para comprovação de renda, que pode ser utilizado em diversas situações, como para compra de bens de alto valor com o consórcio, por exemplo

Cheque pré-datado: como funciona 

Quando um emitente assina um cheque pré-datado, garante que o valor seja transferido na data mencionada no talão. 

Esse tipo de cheque é bastante comum para compras a prazo, por exemplo. Digamos que você queira acertar o pagamento da escola do seu filho com a utilização do cheque. Com o pré-datado, você emite a quantidade de folhas equivalente a um número de meses. Em cada folha, você descreve o valor e a data em que o cheque deverá ser compensado e, assim, descontado da sua conta corrente. Trata-se de uma forma comum para parcelar compras de alto valor, principalmente quando não se tem à disposição um alto limite de cartão de crédito, por exemplo. 

Cheque administrativo: como funciona 

Outra forma bastante comum de utilização desse meio de pagamento é o cheque administrativo. 

Em casos assim, o emitente precisa efetuar a transferência do valor do cheque para o banco mencionado. A instituição cria o cheque administrativo e garante que o beneficiário receba o valor integral com garantia. 

O emitente pode pedir esse tipo de cheque para negociações de compra, por exemplo, em que é necessário ter uma garantia imediata por parte do outro interessado.  

É possível emitir o cheque administrativo em qualquer banco. É comum, por exemplo, que pessoas que compram um carro de proprietários pessoa física emitam cheque administrativo como parte do pagamento da transação. Isso garante mais segurança, porque o próprio banco fica responsável por preencher o talão e exige que o emitente tenha o valor descrito já no momento de sua solicitação. Porém, cada banco possui uma taxa para emissão desse tipo de cheque. 

Embora o cheque administrativo possua vários tipos de garantia, tem sido cada vez menos utilizado devido às taxas mais atrativas das transferências bancárias. 

Cheque especial 

O cheque especial é uma modalidade de crédito concedida pelas instituições financeiras para uso adicional de valor em sua conta corrente, caso as compras tenham excedido o valor da sua conta. 

Embora seja um meio muito utilizado pelos brasileiros, o cheque especial deve ser usado em caráter emergencial, porque possui altas taxas. Justamente por conta dessa característica, o cheque especial é um dos principais motivos de endividamento dos consumidores

Como fazer para preencher um cheque 

O cheque tem sido cada vez menos utilizado, mas ainda se destaca como um meio de pagamento importante para os consumidores brasileiros. 

Mas, você sabe como fazer para preenchê-lo corretamente? Com as nossas dicas, ficará mais fácil utilizar o talão de cheques, confira. 

Número na parte superior direita 

Este é o valor que será tido como referência do cheque. Deve ser preenchido sem nenhum tipo de rasura e de forma legível. Para evitar qualquer tipo de alteração, é recomendado utilizar # antes e depois do número. Assim, o banco entende perfeitamente o valor que deve ser transferido. 

Valor por extenso 

Como forma de se certificar de que o valor está descrito corretamente, é necessário escrever o valor por extenso nesse campo.  

Nesse campo, coloque em parênteses o valor já descrito de forma numérica, para evitar qualquer tipo de modificação. Caso sobre espaço no campo, preencha com uma linha, também como medida de segurança. 

Nome do beneficiário 

Aqui, é preciso escrever o nome da pessoa ou instituição que receberá o valor. Essa descrição vem após a transcrição do valor por extenso, descrito como “a” e “ou à sua ordem”. 

Data de local de preenchimento 

Ao preencher a data, leve em consideração o local em que mora e o dia em que o cheque foi preenchido. Ou seja, não considere ainda a data em que deverá ser sustado pelo beneficiário. 

Assinatura 

A assinatura deve ser a mesma do seu RG ou cadastro no banco emissor do talão de cheques. Fique atento a esse campo porque, caso seja identificada uma assinatura diferente, o cheque pode não ser aceito pela instituição financeira

O que é e como sustar um cheque 

Sustar cheque é o ato de anular ou invalidar o valor especificado no talão pelo próprio emitente. Essa prática é comum em casos de cancelamento de uma compra ou até mesmo furto ou roubo do talão de cheques do emissor. 

Só considere sustar um cheque caso seja realmente necessário. Para isso, basta procurar o seu gerente do banco ou até mesmo solicitar esse serviço por meio do seu aplicativo bancário. Em alguns casos, é necessário se dirigir a um caixa eletrônico, para efetuar o devido bloqueio. 

Em casos assim, é preciso: 

  • Comunicar por escrito à empresa ou beneficiário, explicando os motivos; 
  • Caso seja fruto de um contrato, pode ser necessária uma ação na justiça para desfazer o contrato; 
  • Ter acompanhamento do processo, em busca de desfecho positivo; 
  • Em casos de desacordo comercial, é bom ter provas do problema com o prestador de serviços, como testemunhas, e-mail ou até mesmo registros de foto, gravações e vídeos. 

Como depositar um cheque? 

O depósito de um cheque pode ser feito na boca do caixa ou mesmo pelo caixa eletrônico. 

Caso você esteja lidando com um cheque que não esteja cruzado, é possível solicitar o saque do valor na instituição financeira. Mas, se o cheque estiver cruzado, a única forma de desfrutar do dinheiro é com o depósito em sua conta corrente ou conta poupança. 

Fique atento aos casos de cheque pré-datado, em que a compensação do valor só ocorre na data descrita pelo emitente. 

Para fazer o depósito na boca do caixa, é preciso ter um documento com foto, o número da sua conta e o cheque. Você pode escolher o depósito em conta corrente ou conta poupança e receberá um recibo do depósito solicitado. 

Caso queira fazer o depósito por meio do caixa eletrônico, é preciso preencher um envelope com as informações que identificam o valor, selecionar a opção ‘cheque’ e seguir as instruções da máquina, para que seja devidamente efetuada a transferência. Após a operação, você também receberá um recibo de pagamento. 

Use o cheque com responsabilidade 

Agora que você conhece como funciona o uso do cheque, em que casos pode ser vantajoso e os cuidados necessários, é preciso ficar atento à sua utilização. 

O cheque é regulamentado pela Lei nº 7.357/1985 e, por mais que tenha sido criado com o objetivo de pagamento à vista, com o passar dos anos tornou-se um instrumento essencial na vida de milhões de brasileiros, até mesmo para compras ou pagamento a prazo

O cheque pode ser usado para parcelamento de compras sem comprometer limite de cartão de crédito, para pagamento de fornecedores, para facilitar a transação de uma compra de alto valor ou até mesmo para fornecer garantia na utilização de um serviço temporário

Com a modernização dos meios de pagamento, cada vez mais digitalizada e instantânea, o cheque tem tido uma adoção menor ao longo dos anos. Ainda assim, possui sua importância e deve ser usado com responsabilidade, para evitar inadimplência ou qualquer tipo de insegurança para os beneficiados. 

Para mais dicas de finanças pessoais, confira o nosso guia de como montar o seu planejamento financeiro para controlar suas despesas ao longo do ano.

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