Entenda como a variação da moeda estrangeira pode impactar sua vida

Entenda como a variação da moeda estrangeira pode impactar sua vida

Todos os dias o noticiário traz um acompanhamento da variação das moedas estrangeiras. No rádio, jornal e na TV, somos informados sobre a cotação do dólar e o valor do euro. Quem costuma acompanhar esses índices mais de perto também verifica o valor da libra esterlina, do yuan, enfim, a moeda de países com quem temos relações comerciais estreitas.

É importante saber o andamento da moeda estrangeira para diversos fatores. O principal deles é o dólar, já que a economia brasileira, por exemplo, opera atrelada ao valor da moeda norte-americana.

De certa forma, o dólar é um parâmetro das demais moedas. Quando seu valor está muito alto, as importações em geral ficam mais caras. Além do mais, dá pra se ter um parâmetro do quanto o real vale perante o mundo quando acompanhamos o valor da moeda estrangeira.

Porém, os impactos podem ser ainda maiores. A seguir, vamos explicar por que o dólar acaba sendo o principal índice, por que ele costuma flutuar bastante e o impacto que isso tem no nosso dia a dia.

Dólar e a economia brasileira

O dólar é a principal moeda comercializada no mundo. Por isso mesmo, acaba afetando economias do mundo inteiro quando passa por algum tipo de variação.

Durante muitos anos era a libra esterlina, do Reino Unido, que costumava ser utilizada como referência monetária. Com a força econômica dos Estados Unidos ao longo do século XX, o dólar acabou tendo protagonismo, servindo como referência para as transações comerciais em praticamente todas as partes do mundo.

Por ter a confiança internacional, o dólar costuma ser comprado por bancos e governos, para que possam ter boa reserva da moeda estrangeira, fazer empréstimos em dólar para outros países e realizar transações comerciais diversas.

É o governo dos Estados Unidos que mantém o controle da moeda norte-americana. Porém, a forma como ela influencia os preços ao redor do mundo depende da economia doméstica de cada país.

Ou seja, o fato de o dólar estar alto em uma região como a América do Sul como um todo, por exemplo, tem a ver com a instabilidade da região, que afeta o investimento estrangeiro. Sem a confiança dos investidores, temos menos dólar circulando nos países, o que pode refletir em maior alta do câmbio.

Sim, o valor do dólar influencia no consumo de vários setores da nossa economia. Do preço da carne nacional - que pode ser afetado caso não consigamos fazer a importação de parte de nossos bens para os parceiros comerciais - passando por produtos importados, como smartphones e notebooks, até mesmo à capacidade de operação da indústria, que pode depender de materiais de outros países, o acompanhamento do dólar de certa forma permite acompanhar a saúde econômica do país.

É por isso que, quando seu valor está lá no alto, muitas pessoas ficam frustradas e procuram outras maneiras de não terem prejuízo tão significativo.

A seguir, vamos entrar nos detalhes de como acompanhamos o índice do dólar.

Como acompanhamos o dólar no país

Quando você vê um analista econômico ou comentarista falando sobre a situação do dólar no país, é comum que ele utilize alguns dos seguintes termos:

   • Dólar à vista: diariamente a B3, principal bolsa de valores do Brasil, realiza negociação da moeda com instituições financeiras. Este valor é o dólar à vista e possui algumas variações que dependem da negociação. De qualquer forma, é a média do dólar à vista que acaba sendo refletido nos demais índices atrelados ao dólar.

   • Dólar comercial: utilizado para os preços de importações e exportações. Acaba sendo o termo mais comum para associar à alta ou baixa do dólar no país. Seu valor flutua conforme oferta e demanda da moeda no mercado.

   • Dólar turismo: seu valor geralmente é mais caro que o dólar comercial por ser o índice do dia a dia praticado nas casas de câmbio do Brasil. Por exemplo, se você vai fazer uma compra estrangeira no cartão de crédito ou até mesmo comprar a moeda para viajar para o exterior, o valor utilizado será de dólar turismo.

   • Dólar paralelo: valor praticado fora das regulamentações cambiais, como se fosse uma negociação à parte do dólar que você pode realizar, por exemplo, fora do contexto cambial do Brasil - seja para comprar dólar de um amigo, por exemplo, ou até ir à casa de câmbio em outro país para compra da moeda.

   • Dólar futuro: muitas empresas e investidores trabalham com esse tipo de negociação com o seguinte objetivo: transacionar o dólar pensando em um vencimento no futuro. Embora muitos especialistas digam que o dólar futuro possa gerar especulação, muitas empresas fazem essa operação para se proteger contra as flutuações da moeda em um país - evento conhecido como hedge.

Variação do dólar: por que a moeda sobe e desce?

Por ser utilizado em diversas situações, o dólar é uma moeda de extrema importância para a economia brasileira.

Suas flutuações acontecem por conta da lei da oferta e demanda do mercado.

Isso significa que, quando temos mais dólar no nosso mercado, a moeda tende a ficar em baixa. Mas, quando vemos mais pessoas comprando o dólar, temos um aumento na demanda, e isso acaba levando o preço da moeda estrangeira lá pra cima.

Subida do dólar

O valor do dólar fica mais caro por conta de fatores importantes, como:

   • Déficit da balança comercial: simplificando, é quando o país acaba exportando mais do que importando. Embora o Brasil seja um país que também exporta bastante - principalmente carne e soja - sua balança comercial é mais impactada por alguns setores do que outros. Por exemplo, se o preço de dispositivos tecnológicos aumenta demais, podemos ter um déficit na balança mesmo comprando e vendendo a mesma quantidade de itens.

   • Gastos no exterior: quando se tem muitos turistas brasileiros, aumenta bastante a procura pelo dólar. Além disso, as pessoas que viajam tendem a consumir menos no Brasil, diminuindo o ritmo de transações na moeda local (real).

   • Juros nos Estados Unidos: cada vez mais essa variável tem impactado menos na alteração do valor do dólar, já que os norte-americanos praticam uma taxa de juros bem baixa. Ainda assim, é importante ficar atento às medidas da política monetária dos Estados Unidos: elas podem impactar bastante na alta do dólar por aqui, principalmente em momentos de incerteza, como a pandemia de coronavírus.

   • Guerra comercial entre os países: nos últimos meses, temos presenciado uma guerra comercial entre Estados Unidos e China. Como muitos itens importados que compramos são produzidos na Ásia, essa guerra tem gerado um aumento de preços de dispositivos que usamos bastante, como smartphones, por exemplo. E isso acaba afetando a valorização da moeda estrangeira, que também sofre o baque quando economias gigantes se enfrentam numa disputa comercial.

Queda do dólar

Taí uma variável que o brasileiro não vê há muito tempo: quando finalmente teremos um dólar em patamar semelhante ao real, como acontecia entre os anos 1990 e 2000?

Antes de fazer esse questionamento, é preciso entender o que faz o dólar despencar. Confira os principais fatores:

   • Superávit comercial: ou seja, se temos uma balança positiva de exportações menos importações, a tendência é que o valor do dólar diminua. Afinal, teremos mais dólares circulando no país, o que é positivo para a nossa economia.

   • Gastos estrangeiros: o Brasil é conhecido no estrangeiro por suas praias e floresta tropical ímpares. Isso atrai um bom fluxo de estrangeiros, principalmente durante o Carnaval, férias escolares e festas de fim de ano. Com isso, mais dólar é injetado na nossa economia, fazendo com que seu valor diminua.

   • Juros do Brasil: para que o dinheiro possa render, é preciso que o juros esteja mais elevado. Isso acaba atraindo investidores a trazerem o dólar para o país, já que ele pode render mais. Isso é afetado pela política monetária - que, ultimamente, tem baixado bastante o valor da taxa Selic, que é a taxa principal de juros da nossa economia.

Quais são os setores mais afetados pelo dólar no Brasil?

Agora que você sabe um pouquinho mais sobre a importância da indexação da moeda estrangeira ao dólar, vamos nos aprofundar no contexto brasileiro e trazer os setores mais impactados pela alta da moeda estrangeira.

Turismo

A primeira coisa que olhamos quando queremos viajar para o exterior é a variação da moeda estrangeira. Mesmo que você pretenda fazer um mochilão na Europa, o dólar acaba sendo a moeda utilizada como parâmetro. Afinal, se o dólar sobe, o euro sobe por consequência.

Por isso, quando o dólar está muito alto, a tendência é que as pessoas viajem menos - uma vez que a alta da moeda significa ter que gastar mais.

Afinal, o brasileiro tem o real como poder de compra e, para comprar moeda estrangeira, depende da valorização da nossa moeda. Com o dólar muito alto, fica difícil comprar passagens, trocar por dólar em espécie e comprar coisas em outros países.

Exportações

Assim como o Brasil, muitos outros países operam tendo o dólar como parâmetro. Isso significa que, quando iremos exportar, temos como principal indexador o dólar.

O Brasil exporta muitas commodities para outros países, como arroz, soja, carne e até petróleo. Vale lembrar que esses tipos de produtos também abastecem a economia local. Portanto, se os produtores decidem aumentar o percentual de seus produtos para exportação, podem diminuir a oferta para o mercado brasileiro. Com isso, esses itens podem ficar mais caros, para que os produtores encontrem um equilíbrio nas vendas.

Portanto, caso o valor das exportações esteja alto, os produtos brasileiros se tornam mais competitivos no setor e podem levar a balança comercial lá pra cima.

Importações

Por outro lado, o Brasil importa muita coisa de países estrangeiros, como dispositivos que usamos no dia a dia: smartphone, videogame, notebook etc. Alguns automóveis também são importados e, quando há uma alta no dólar, seu valor final é impactado.

Mesmo montadoras já estabelecidas no Brasil podem sofrer o baque de um valor alto do dólar, já que gastarão mais para importar equipamentos necessários para a produção, por exemplo, como aço.

Seja por conta da aquisição de matéria-prima estrangeira ou a compra de produtos finais para aquecer o mercado doméstico, as importações sofrem bastante com a alta do dólar perante o real.

Supermercados

Alguns itens da cesta básica também são afetados pelo dólar. Afinal, sua variação também impacta o setor de commodities (produtos que funcionam como matéria-prima, produzidos em escala e que podem ser estocados sem perda de qualidade, como petróleo, boi gordo, café, soja e ouro, que o Brasil costuma exportar).

De certa forma, a alta do dólar pode fazer com que o país destine mais itens para exportação, em busca de maior competitividade no mercado. E isso, claro, pode levar a um desabastecimento doméstico, levando a alta do preço em alguns setores.

Por que o dólar tem ficado cada vez mais alto?

Nos últimos anos, o país tem vivenciado uma alta vertiginosa do dólar diante do real.

Isso acontece por diversos fatores, como o fato do país ser menos atrativo para investidores estrangeiros, pela diminuição da taxa de juros básica - fazendo com que a moeda tenha pequenos rendimentos em aplicações - e por conta da oferta e da demanda.

Por mais que tenha ultrapassado o valor de R$ 5 na economia brasileira, o dólar ainda é bastante procurado para compra, tanto por pessoas físicas, quanto pessoas jurídicas.

Outro fator que tem agravado o preço do dólar é a pandemia do coronavírus. Como os investidores tendem a confiar mais na moeda estrangeira, a procura por dólar aumentou bastante - fazendo com que os Estados Unidos valorizasse sua moeda. Se temos mais pessoas comprando dólar, mesmo com ele alto, aumenta sua diferença perante o real.

Alguns setores são favorecidos com a alta do dólar, principalmente das commodities, que acabam gerando lucro maior nas transações de exportação para parceiros comerciais como China, Europa e Estados Unidos.

Porém, o cidadão brasileiro pode sentir na pele o prejuízo dessa alta do dólar. Além da dificuldade de conseguir viajar para países estrangeiros e de produtos mais caros, o dólar alto influencia na perda do poder de compra do real.

Por outro lado, tem pessoas que são beneficiadas com a alta do dólar - principalmente quem recebe pela moeda norte-americana. Ao fazer a conversão para real, a moeda estrangeira possui uma grande vantagem com sua valorização.

Variação da moeda estrangeira no Brasil

O Brasil sofre um grande impacto com a alta do dólar por conta de decisões de política monetária, política cambial e política fiscal, que andam lado a lado.

Vamos explicar um pouco sobre o papel de cada um deles e como eles impactam na variação do dólar.

Política monetária

Para evitar que o país passe por um período de alta de inflação, o Banco Central do Brasil (Bacen) estabelece metas mensais, liderados pelo Ministério da Economia. É aí que entra o papel do Comitê de Política Monetária (COPOM), que define a taxa de juros básica, a taxa Selic.

Essa taxa de juros ajuda a regular diversos setores: dos juros praticados pelos bancos privados ao rendimento da poupança, por exemplo, a taxa Selic tem o papel fundamental de manter o país no controle da inflação.

Política cambial

É a política cambial que define o valor da moeda estrangeira no Brasil. O Brasil opera no regime cambial flutuante, ou seja, é o mercado que determina o valor do dólar por conta da oferta e demanda da moeda estrangeira.

Por conta desse modelo, implementado no final dos anos 1990 pelo Bacen, vemos o dólar subir e descer diariamente.

Nesse caso, o Bacen não tem controle total do valor da moeda, porque depende das múltiplas operações que afetam o valor total do dólar. Porém, olhar para a política cambial mirando a inflação permite que o banco tome algumas medidas para evitar uma desvalorização maior da nossa moeda.

É por isso que, quando o dólar está subindo demais, o Bacen toma medidas para comprar mais moeda estrangeira com o objetivo de deixá-la circulando. Afinal, mais dólar no mercado doméstico ajuda a valorizar o real perante a moeda estrangeira.

Política fiscal

A política fiscal é aquela que possui intervenção direta do governo vigente. Ou seja, cada presidente acabou optando por uma linha de política fiscal de acordo com o momento ou até mesmo por opção política.

Durante as eras FHC e Lula (1995-2010), por exemplo, tivemos uma política fiscal que permitiu o aumento do salário mínimo em índice maior que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Essa política se estendeu pelo governo Dilma até que, em 2016, foi aprovado o teto de gastos na era Temer, que exige que o estado mantenha controle da dívida pública. Com isso, diminuiu os gastos públicos, e uma de suas consequências é o salário mínimo indexado ao crescimento do PIB e o corte no investimento em alguns setores essenciais da economia.

Decisões dos investidores

Tudo bem, mas o que isso tem a ver com o dólar?

Bom, a partir do momento que investidores percebem que o país está preocupado com as contas públicas, pode adquirir mais confiança e, assim, trazer mais dólar para o país. Da mesma forma que, se sentir que não há incentivo para fazer investimento, ele irá se afastar.

Tudo isso é resultado de como o país lida com as políticas monetária, cambial e fiscal. Ou seja, o que é feito no país afeta a decisão de entrada ou não de moeda estrangeira.

E até quem já opera no Brasil pode se sentir ameaçado e sair do país. Na verdade, é o que tem acontecido do meio de 2020 pra cá. Até o meio do ano, investidores estrangeiros já tinham retirado mais de R$ 80 bilhões da B3, o maior valor retirado em um período de 6 meses desde 2004, quando houve início da série histórica da Bolsa de Valores.

Isso aconteceu porque o Brasil foi duramente prejudicado pela onda de aversão ao risco dos estrangeiros, que tem acontecido desde o surto da pandemia de Covid-19 e afetou muitos países emergentes.

Para se ter uma ideia, houve uma queda de 69% de investimento direto do estrangeiro em 2020, comparado ao ano anterior. Isso resulta em maior saída do dólar, deixando a moeda mais ‘rara’. E, como manda a principal lei da economia: se há muita oferta e pouca demanda, temos escassez. E se estamos próximos da escassez, a tendência é que o valor da moeda aumente, por isso temos visto o dólar atingir patamares acima dos R$ 5 nos últimos meses.

Como se preparar para as oscilações da moeda

Por mais que o Ministério da Economia, Banco Central e o governo estejam de olho na valorização do real, existem muitos eventos externos que impactam no valor do dólar.

Portanto, é difícil dizer como se preparar para uma possível alta da moeda. Alguns investidores se arriscam a comprar moeda mesmo em alta porque sabem que ela vai se desvalorizar ainda mais. Com isso, conseguem lucrar na transação ou até ter um poder de compra mais elevado no futuro.

Outra forma de se prevenir com as oscilações da moeda estrangeira é consumir mais produtos feitos no Brasil. Por mais que seu valor final seja afetado, a oferta do que possuímos em nosso país acaba sendo menos afetada do que produtos importados.

É por isso e muito mais que é importante acompanhar o valor do dólar no noticiário. Se você pretende viajar, mas se sente desestimulado com a alta da moeda estrangeira, pode ir se preparando aos poucos e investir por meio do consórcio, por exemplo.

Com o consórcio de serviços, você pode ir se preparando para o intercâmbio, fazer mochilão ou ter as boas e merecidas férias junto à família com cartas de crédito de até R$ 30 mil - que são anualmente corrigidas por conta dos índices de inflação. Assim, você não perde seu poder de compra quando for contemplado e pode se planejar para curtir da melhor forma possível a viagem, seja sozinho, com o par romântico ou com os filhos.

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